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sábado, 11 de junho de 2016
quarta-feira, 8 de junho de 2016
62 - Atividade, Filosofia e Sociologia: Leitura e Análise de Textos
Orientações
O
que é análise de texto?
A análise de texto
significa estudar, decompor, dissecar e dividir para interpretá-lo. Cada parte
do texto deve ser analisado, buscando-se os elementos chaves do autor e a
relação entre as partes constituintes. A decomposição dos elementos
essenciais e a sua classificação nos leva até a ideia-chave, que é o
conjunto de ideias mais precisas.
O
objetivo da análise de texto
Aprender a ler, a ver, a
escolher o mais importante dentro do texto e familiarizar-se com os termos
técnicos, ideias, etc.; hierarquizar o conteúdo do texto; perceber que as ideias
se relacionam e, identificar as conclusões e as bases que as sustentam.
Partes
da análise do texto:
a) dos
elementos constituintes básicos,
b) das
relações entre esses elementos,
c) da
estrutura do texto.
Reelaboração do que foi
entendido do texto, resultando num resumo próprio que é também uma crítica e
reflexão pessoal.
Várias
leituras:
Primeira: serve
para organizar o texto na mente do aluno.
Segunda: Sublinhar as
ideias principais e as palavras-chaves.
Textos
para análise: 61-60-59-58-57-56-55-54-53.
61 - Política; Ta Politika; Pólis
Pólis é a Cidade,
entendida como a comunidade organizada, formada pelos cidadãos (politikos), isto
é, pelos homens nascidos no solo da Cidade, livres e iguais, portadores de dois
direitos inquestionáveis, a isonomia (igualdade perante a lei) e a isegoria (o
direito de expor e discutir em público opiniões sobre ações que a Cidade deve
ou não deve realizar).
Ta politika são os
negócios públicos dirigidos pelos cidadãos: costumes, leis, erário público, organização
da defesa e da guerra, administração dos serviços públicos (abertura de ruas, estradas
e portos, construção de templos e fortificações, obras de irrigação, etc.) e
das atividades econômicas da Cidade (moeda, impostos e tributos, tratados
comerciais, etc.).
Civitas é a tradução
latina de polis, portanto, a Cidade como ente público e coletivo. Res publica é
a tradução latina para ta politika, significando, portanto, os negócios
públicos dirigidos pelo populus romanus, isto é, os patrícios ou cidadãos
livres e iguais, nascidos no solo de Roma.
Pólis e civitas
correspondem (imperfeitamente) ao que, no vocabulário político moderno, chamamos
de Estado: o conjunto das instituições públicas (leis, erário público, serviços
públicos) e sua administração pelos membros da Cidade.
Ta politika e res publica
correspondem (imperfeitamente) ao que designamos modernamente por práticas
políticas, referindo-se ao modo de participação no poder, aos conflitos e
acordos na tomada de decisões e na definição das leis e de sua aplicação, no
reconhecimento dos direitos e das obrigações dos membros da comunidade política
e às decisões concernentes ao erário ou fundo público.
60 - Vocabulário Político Grego:
Ágora:
lugar de reunião; praça pública; espaço onde aconteciam assembleias populares.
Em Atenas era também o espaço onde estavam localizadas as instituições
políticas.
Aristocracia:
governo dos melhores, dos excelentes (aristoi).
Demos:
o povo; mais tarde recebe o sentido do conjunto dos cidadãos. Originalmente
significava os territórios habitados pelos pobres.
Democracia:
regime no qual o poder pertence ao povo (demos).
Dokimasia:
espécie de exame ao qual eram submetidos os pleiteantes a cargos e encargos
públicos, que consistia em verificar, não as competências técnicas, mas as
virtudes cívicas do candidato.
Ekklesia:
assembleia popular.
Isègoria:
igualdade de direito à palavra pública, à palavra política; direito de falar
nas assembleias.
Isonomia:
igualdade de direitos perante a lei.
Koinonia tôn
politon: comunidade de cidadãos.
Meteco:
estrangeiro residente.
Monarquia:
governo de um só (monas).
Oligarquia:
regime no qual a soberania pertence a alguns (oligos) grupos.
Pólis:
cidade; comunidade política.
Politeia:
regime de governo; as instituições públicas.
Ta
politika: política.
Zoon
politikon: expressão utilizada por Aristóteles, que define o
homem como animal político.
59 - Paradoxos da Política
A política é uma atividade específica de alguns profissionais da sociedade ou concerne a todos nós, porque vivemos em sociedade?
Usamos a palavra política ora para significar uma atividade específica – o governo –, realizada por um certo tipo de profissional – o político –, ora para significar uma ação coletiva de reivindicação de alguma coisa, feita por membros da sociedade e dirigida aos governos ou ao Estado. Afinal, a política é uma profissão entre outras ou é uma ação que todos os indivíduos realizam quando se relacionam com o poder?
A política se refere às
atividades de governo ou a toda ação social que tenha como alvo ou como interlocutor
o governo ou o Estado?
Frequentemente,
encontramos expressões como “política da escola”, “política do hospital”,
“política da empresa”, “política sindical ”. Nesse conjunto de expressões, já
não encontramos a referência ao governo nem a profissionais da política.
“Política universitária” e “política da escola” referem-se à maneira como uma
instituição de ensino (pública ou privada) define sua direção e o modo de
participação ou não de professores e estudantes em sua gestão, ao modo como os
recursos serão empregados, ao currículo, às formas de avaliação dos alunos e
professores, ao tipo de pessoa que será recebida como estudante ou como
docente, à carreira dos docentes, aos salários, e, se a instituição for
privada, ao custo das mensalidades e matrículas, etc.
Já “política da empresa”
refere-se ao modo de organização e divisão de poderes relativos aos investimentos
e aos lucros de uma empresa, à distribuição dos serviços, à divisão do
trabalho, às decisões sobre a produção e a distribuição dos produtos, às relações
com as outras empresas, etc.
Afinal, o que é a política? É a atividade de
governo? É a administração do que é público? É profissão de alguns
especialistas? É ação coletiva referida aos governos? Ou é tudo que se refira à
organização e à gestão de uma instituição pública ou privada? No primeiro caso
(governo e administração), usamos “política” para nos referirmos a uma
atividade que exige formas organizadas de gestão institucional e, no segundo
caso (gestão e organização de instituições), usamos “política” para nos
referirmos ao fato de que organizar e gerir uma instituição envolve questões de
poder.
58 - Platão (348/347 a.C.) O Governante Filósofo
Enquanto os filósofos não
forem reis nas cidades, ou os que hoje chamamos reis e soberanos não forem
verdadeira e seriamente filósofos; enquanto o poder político e a filosofia não
se encontrarem no mesmo sujeito; enquanto as numerosas naturezas que perseguem
atualmente um ou outro destes fins de maneira exclusiva não forem reduzidas à
impossibilidade de proceder assim, não haverá termo, meu caro Glauco, para os
males da cidade, nem, parece-me, para os do gênero humano, e jamais a cidade
que há pouco descrevemos será realizada, tanto quanto possa sê-lo, e verá a luz
do dia.
Eis o que eu vacilei
muito tempo em dizer, prevendo o quanto estas palavras chocariam a opinião
comum, pois é difícil conceber que não haja de outro modo felicidade possível,
para o Estado e para os particulares. Então disse Glauco: Após proferir semelhante
discurso, esperas, por certo, Sócrates, ver muita gente, e não sem valor,
arrancar, por assim dizer, os trajes, e nus, agarrando a primeira arma ao seu
alcance, precipitar-se sobre ti com todas as forças, no intuito de praticar
maravilhas. Se não os rechaçares com as armas da razão, e se não lhes
escapares, aprenderás à tua própria custa o que significa escarnecer.
PLATÃO.
A República. Trad. J. Guinsburg. São
Paulo: Editora Difel, 1965, vol. II, p. 45-46.
57 - Aristóteles (384/322 a.C.) O Estado, o corpo, seus poderes e funções
O Estado, ou sociedade
política, é até mesmo o primeiro objeto a que se propôs a natureza. O todo
existe necessariamente antes da parte. As sociedades domésticas e os indivíduos
não são senão as partes integrantes da cidade. Todas subordinadas ao corpo
inteiro. Todas distintas por seus poderes e suas funções, e todas inúteis
quando desarticuladas, semelhantes às mãos e aos pés que, uma vez separados do
corpo, só conservam o nome e a aparência, sem a realidade como uma mão de
pedra. O mesmo ocorre com os membros da cidade: nenhum pode bastar-se a si
mesmo. Aquele que não precisa dos outros homens, ou não pode resolver-se a
ficar com eles ou é um deus, ou um bruto. Assim, a inclinação natural leva os
homens a esse gênero de sociedade. O primeiro que a instituiu trouxe-lhe o
maior dos bens. Mas, assim como o homem civilizado é o melhor de todos os
animais, aquele que não conhece nem justiça nem leis é o pior de todos. Não há
nada, sobretudo, de mais intolerável do que a injustiça armada. Por si mesmas,
as armas e a força são indiferentes ao bem e ao mal: é o princípio motor que
qualifica o seu uso. Servir-se delas sem nenhum direito e unicamente para
saciar suas paixões rapaces ou lúbricas é atrocidade e perfídia. Seu uso só é
lícito para a justiça. O discernimento e o respeito ao direito forma a base da
vida social e os juízes são seus primeiros órgãos.
ARISTÓTELES.
A Política. Trad. Roberto Leal
Ferreira. São Paulo: Martins Fontes, 2000, p. 5-6.
56 - Maquiavel (1469-1527), A boa-fé e a astúcia na condução do governo
Todos sabem que é
louvável que o príncipe mantenha a palavra empenhada, e viva com integridade e
não com astúcia. Contudo a experiência dos nossos tempos mostra que os
príncipes que tiveram pouco respeito pela boa-fé puderam com astúcia confundir
os espíritos e chegaram a superar os que baseavam sua conduta na lealdade. Como
sabemos, pode-se lutar de duas maneiras: pela lei e pela força. O primeiro
método é o dos homens; o segundo, o dos animais. Porém, como o primeiro pode
ser insuficiente, tem-se que recorrer ao segundo. É necessário, portanto, que o
príncipe saiba usar bem tanto o processo dos homens como o dos animais. É o que
ensinaram, alegoricamente, os antigos escritores, que contam como Aquiles e
muitos outros príncipes de outrora foram entregues ao centauro Quironte, para
que este os educasse sob sua disciplina. A parábola desse professor
semi-humano, semianimal, adverte que um príncipe deve saber usar as duas
naturezas, e que qualquer uma delas sem a outra não é duradoura. Sendo obrigado
a saber agir como um animal, deve o príncipe imitar a raposa e o leão, pois o
leão não se pode defender das armadilhas, e a raposa não consegue defender-se
dos lobos. É preciso, portanto, ser raposa para reconhecer as armadilhas, e
leão para assustar os lobos. Aqueles que desejam ser apenas como o leão não
compreendem que um governante prudente não deverá agir com boa-fé quando, para
fazê-lo, precise trabalhar contra seus interesses, e quando os motivos que o
levaram a contrair uma obrigação deixarem de existir.
MAQUIAVEL.
O Príncipe. Trad. de Lívio Xavier.
São Paulo: Abril Cultural, 1983, pp. 73-43. (Coleção “Os Pensadores”).
55 - Hobbes (1588-1679), A proteção dos súditos como obrigação do soberano
Entende-se que a
obrigação dos súditos para com o soberano dura enquanto, e apenas enquanto,
dura também o poder mediante o qual ele é capaz de protegê-los. Porque o
direito que por natureza os homens têm de defender-se a si mesmos não pode ser
abandonado através de pacto algum. A soberania é a alma do Estado, e puma vez separada
do corpo os membros deixam de receber dela seu movimento. O fim da obediência,
é a proteção, e seja onde for que um homem a veja, quer em sua própria espada
quer na de um outro, a natureza manda que a ela obedeça e se esforce por
conservá-la. Embora a soberania seja imortal, a intenção daqueles que a
criaram, não apenas ela se encontra, por sua própria natureza, sujeita à morte
violenta através da guerra exterior, mas encerra também em si mesma, devido à
ignorância e às paixões dos homens, e a partir da própria instituição, grande
número de sementes de mortalidade natural, através da discórdia intestina.
HOBBES,
THOMAS. Leviatã – Segunda Parte “Do
Estado”. Trad. de João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva. São
Paulo: Abril Cultural, 1979, p. 135. (Coleção “Os Pensadores”).
54 - Locke (1632-1704), Da importância do governo para os indivíduos em sociedade
Se o homem no estado de
natureza é tão livre, conforme dissemos, se é senhor absoluto da sua própria
pessoa e posses, igual ao maior e a ninguém sujeito, por que abrirá ele mão
dessa liberdade, por que abandonará o seu império e sujeitar-se-á ao domínio e
controle de qualquer outro poder? Ao que é óbvio responder que, embora no
estado de natureza tenha tal direito, a fruição do mesmo é muito incerta e está
constantemente igual a ele, e na maior parte pouco observadores da equidade e
da justiça, a fruição da propriedade que possui nesse estado é muito insegura,
muito arriscada. Estas circunstâncias obrigam-no a abandonar uma condição que,
embora livre, está cheia de temores e perigos constantes; e não é sem razão que
procura de boa vontade justar-se em sociedade com outros que estão já unidos,
ou pretendem unir-se, para a mútua conservação da vida, da liberdade e dos bens
a que chamo de “propriedade”.
LOCKE,
JOHN. Segundo tratado sobre o Governo.
Trad. de Anoar Aiex e E. Jacy Monteiro: Abril Cultural, 1978, p. 82. (Coleção
“Os Pensadores”).
53 - Rousseau (1712-1778), Sobre a vontade geral e a simplicidade das leis
Enquanto muitos homens
reunidos se consideram um único corpo, eles não têm senão uma única vontade que
se liga à conservação comum e ao bem-estar geral. Então, todos os expedientes
do Estado são vigorosos e simples, suas máximas claras e luminosas;
absolutamente não há qualquer interesse confuso, contraditório; o bem comum se
patenteia em todos os lugares e só exige bom senso para ser percebido. A paz, a
união, a igualdade são inimigas das sutilezas políticas. Os homens corretos e
simples são difíceis de enganar, devido à sua simplicidade. Não os impressionam
de modo algum as astúcias e os pretextos rebuscados, nem chegam mesmo a ser
bastante sutis para serem tolos. Quando se veem, entre os povos mais felizes do
mundo, grupos de camponeses regulamentarem os negócios do Estado sob um carvalho
e se conduzirem sempre sabiamente, pode-se deixar de desprezar os rebuscamentos
das outras nações que com tanta arte e mistério se tornam ilustres e
miseráveis?
ROUSSEAU,
J-J. Do contrato social. Trad. de
Anoar Aiex e E. Jacy Monteiro: Abril Cultural, 1978, p. 117. (Coleção “Os
Pensadores”).
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