Enquanto muitos homens
reunidos se consideram um único corpo, eles não têm senão uma única vontade que
se liga à conservação comum e ao bem-estar geral. Então, todos os expedientes
do Estado são vigorosos e simples, suas máximas claras e luminosas;
absolutamente não há qualquer interesse confuso, contraditório; o bem comum se
patenteia em todos os lugares e só exige bom senso para ser percebido. A paz, a
união, a igualdade são inimigas das sutilezas políticas. Os homens corretos e
simples são difíceis de enganar, devido à sua simplicidade. Não os impressionam
de modo algum as astúcias e os pretextos rebuscados, nem chegam mesmo a ser
bastante sutis para serem tolos. Quando se veem, entre os povos mais felizes do
mundo, grupos de camponeses regulamentarem os negócios do Estado sob um carvalho
e se conduzirem sempre sabiamente, pode-se deixar de desprezar os rebuscamentos
das outras nações que com tanta arte e mistério se tornam ilustres e
miseráveis?
ROUSSEAU,
J-J. Do contrato social. Trad. de
Anoar Aiex e E. Jacy Monteiro: Abril Cultural, 1978, p. 117. (Coleção “Os
Pensadores”).
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