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quarta-feira, 8 de junho de 2016

58 - Platão (348/347 a.C.) O Governante Filósofo


Enquanto os filósofos não forem reis nas cidades, ou os que hoje chamamos reis e soberanos não forem verdadeira e seriamente filósofos; enquanto o poder político e a filosofia não se encontrarem no mesmo sujeito; enquanto as numerosas naturezas que perseguem atualmente um ou outro destes fins de maneira exclusiva não forem reduzidas à impossibilidade de proceder assim, não haverá termo, meu caro Glauco, para os males da cidade, nem, parece-me, para os do gênero humano, e jamais a cidade que há pouco descrevemos será realizada, tanto quanto possa sê-lo, e verá a luz do dia.
Eis o que eu vacilei muito tempo em dizer, prevendo o quanto estas palavras chocariam a opinião comum, pois é difícil conceber que não haja de outro modo felicidade possível, para o Estado e para os particulares. Então disse Glauco: Após proferir semelhante discurso, esperas, por certo, Sócrates, ver muita gente, e não sem valor, arrancar, por assim dizer, os trajes, e nus, agarrando a primeira arma ao seu alcance, precipitar-se sobre ti com todas as forças, no intuito de praticar maravilhas. Se não os rechaçares com as armas da razão, e se não lhes escapares, aprenderás à tua própria custa o que significa escarnecer.

PLATÃO. A República. Trad. J. Guinsburg. São Paulo: Editora Difel, 1965, vol. II, p. 45-46.

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