Paul Ricoeur (27 de
Fevereiro de 1913 – 20 de Maio de 2005) foi um dos grandes filósofos e
pensadores franceses.
Paul Ricoeur nasceu numa
família protestante. Órfão de mãe, que morre pouco depois de seu nascimento,
perdeu o pai na batalha de Marne, em 1915, e foi criado por sua tia. Em 1936,
licenciado em filosofia, criou a revista Être, inspirada nos preceitos de Karl
Barth, teólogo cristão suíço. Em 1939, servindo como oficial de reserva,
Ricoeur foi preso pelos nazistas e enviado ao campo de Groß Born e depois a
Arnswalde, na Pomerânia, atualmente Polônia.
No pós-guerra foi
acadêmico na Universidade da Sorbonne. Passou também pelas universidades de
Louvaina (Bélgica) e Yale (EUA), onde elaborou uma importante obra de filosofia
política. Ricoeur participou em debates sobre linguística, psicanálise, o
estruturalismo e a hermenêutica, com um interesse particular pelos textos
sagrados do cristianismo.
Ricoeur descreve assim,
em 1991, suas raízes filosóficas: “Se reflito, dando um passo para trás de meio
século [...], sobre as influências que reconheço ter sofrido, sou grato por ter
sido desde o início solicitado por forças contrárias e fidelidades opostas: de
uma parte, Gabriel Marcel, ao qual acrescento Emmanuel Mounier; de outra,
Edmund Husserl”. Portanto, Ricoeur forma-se em contato com as ideias do
existencialismo, do personalismo e da fenomenologia.
Suas obras importantes
são: A filosofia da vontade (primeira
parte: O voluntário e o involuntário, 1950; segunda parte: Finitude e culpa,
1960, em dois volumes: O homem falível e A simbólica do mal). De 1969 é O
conflito das interpretações. Em 1975 apareceu A metáfora viva.
Em O voluntário e o
involuntário, Ricoeur dirige a atenção para a relação recíproca entre
voluntário e involuntário, assim como esta relação se configura na tríplice
dimensão do decidir, do agir e do consentir. Em poucas palavras, necessidades,
emoções e hábitos premem sobre o querer, que replica a eles, por meio da
escolha, do esforço e do consentimento. Escreve Ricoeur: “Eu suporto este corpo
que governo”.
Descendo ainda mais em
profundidade no interior da existência humana, Ricoeur vê que o homem concreto
é vontade falível e, portanto, capaz de mal. A antropologia de Ricoeur delineia
um homem frágil, “desproporcionado”, sempre à beira do abismo entre o bem e o mal.
A fim de entender o mal e
a culpa, o filósofo deve ouvir e interpretar os símbolos que representam a
confissão que a humanidade fez de suas culpas; ou seja, deve compreender os
mitos que veiculam símbolos como a mancha, o pecado, a culpabilidade etc. E,
entre esses mitos, central, no pensamento de Ricoeur, é o mito de Adão: a
figura de Adão mostra a universalidade do mal enquanto Adão representa toda a
humanidade.
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