Freud (1856-1939), neurologista austríaco, fundador da
psicanálise. As teorias freudianas tiveram um grande impacto na psicologia, na
psiquiatria e em outros campos. Além disso, Freud levou suas conclusões
psicanalíticas ao campo mitológico e cultural, assim como aos fenômenos
antropológicos e religiosos.
Reconhecido como um dos “filósofos da suspeita”, junto a Marx
e Nietzsche, suas teorias têm sido uma verdadeira revolução na interpretação do
comportamento do homem. Freud ingressou na Universidade de Viena em 1873, para
passar ao hospital geral da universidade em 1882. Em 1885, mudou-se para Paris
a fim de estudar, ao lado de Charcot, os fenômenos da histeria. De volta a
Viena, colaborou com Breuer em seus primeiros estudos sobre a histeria
(1895), em que já aparecem as linhas do método psicanalítico. Foi evoluindo
para o estudo dos planos mais profundos da mente: o inconsciente. Passou
depois ao estudo das neuroses. Em 1899, publicou A interpretação dos sonhos,
em que analisa os complexos processos simbólicos subjacentes à formação dos
sonhos. Em 1905 apareceu sua controvertida obra Três ensaios sobre a teoria
da sexualidade, que apresenta seus descobrimentos relativos à sexualidade
infantil, assim como as etapas do complicado desenvolvimento sexual, no qual
inclui a formação do complexo de Édipo. Seguiram-se muitas outras obras famosas
como
Tótem e Tabu (1913); O mal-estar na civilização (1930),
Moisés e o monoteísmo (1939), em que projeta suas teorias e inquietações
religiosas. E outras como O ego e o id (1923) e Lições de introdução
à psicanálise (1932), em que aparece sua interpretação definitiva do
inconsciente: Id, ego, superego.
Da teoria da personalidade e do inconsciente, Freud elaborou
uma interpretação da religião, cujos pontos assim se resumem:
a) A representação edípica do pai é para Freud a base da
crença num Deus que clama culto e obediência e que castiga o pecado.
b) Na base da religião, de toda atitude religiosa, está o
temor às forças da natureza, das quais depende o homem para sobreviver e às
quais não pode controlar. E, junto ao temor, a frustração do instinto que impõe
ao indivíduo a vida em companhia dos demais. “Dá-se então – diz - uma resposta
coletiva, e tanto as representações fantásticas individuais quanto a conduta
neurótica confundem-se com a fantasia coletiva e com o ritual religioso.”
c) A religião, portanto, é consequência dos instintos falidos
do amor e segurança que o homem não encontra no seio da sociedade. Conclui-se,
então, que as classes sociais mais baixas experimentam uma necessidade maior de
religião porque sofrem uma maior frustração nos seus instintos do que as
classes dirigentes.
d) Nessas condições, a religião serve para frear o instinto
de rebeldia das massas ou, no mínimo, de sua exigência de uma igualdade de
oportunidades para satisfazer seus desejos. “Enquanto as classes dirigentes
desfrutam não somente de um nível real de satisfação desses desejos, senão
também de uma satisfação vicária através da arte e da literatura, as massas,
sem acesso a eles, necessitam de representações fantásticas compensatórias de
caráter religioso.”
Desses princípios, Freud tira a conclusão de que a ética
sancionada pela religião, através do superego justiceiro, impõe aos instintos
humanos mais restrições que as devidas para manter a ordem e a paz na
sociedade. Mesmo assim, a ciência proporciona uma sensação de controle e
segurança diante das ameaças dos desastres naturais. Nesta situação, as crenças
religiosas perdem intensidade. Quanto mais ciência, maior segurança, maior
flexibilidade social e menos religião.
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